NA CALADA DA NOITE EM MANAUS

quarta-feira, 1 de outubro de 2008


No momento o presidente da república encontra-se com mais quatro chefes de estado em Manaus. Dentre eles o Sr. Raphael Correa, do Equador, que recém protagonizou lamentável ataque aos interesses nacionais, investindo contra empresa brasileira, mandando deter brasileiros e negando-se a cumprir seus compromissos de pagamento; o Sr. Evo Morales, que pôs de joelhos a Petrobras, ameaçando a expressão econômica do poder nacional ao cortar o abastecimento de gás e impor preços ao seu bel prazer, rompendo unilateralmente contrato negociado onde o Brasil havia desde sempre cumprido a sua parte, e finalmente o Sr. Fernando Lugo, do Paraguai, que já manda avisar que teremos problemas com Itaipu.
Só mesmo Deus, para salvar os brasileiros do que possa acontecer na calada da noite em Manaus.

O Brasil hoje não se defende nem impõe a autoridade de sua soberania quando seus interesses são atingidos. Ao contrário, recua e entra em acordo prejudicial à sociedade, a quem o presidente jurou defender.

Suportado pela popularidade conquistada com ajuda de bolsas de toda natureza, o governo se dá ao luxo de tornar vulnerável o setor energético, que abastece o parque industrial gerador de empregos e riquezas, sem que nem mesmo o empresariado perceba que o inimigo não está em outro lugar que em Brasília. E em cada cidade que eleger mais um candidato dos partidos da esquerda revolucionária: PT, PSB, PC do B, PCB, PV, PSol, PCO, PPS e PSTU.

Transcrevemos abaixo o artigo publicado na Tribuna da Imprensa, do Gen. Ex. Ref. Luiz Gonzaga Schröder Lessa, que muito bem explica as razões da fraqueza das posições do governo em defesa dos interesses nacionais.

“PERIGO VENEZUELANO

Volto ao assunto 'Venezuela' por julgar que, dia-a-dia, as implicações e conseqüências para o Brasil do que lá se passa ganham novo realce e dimensão e por sentir que, apesar dos insistentes alertas da imprensa, o governo federal e a sua diplomacia em particular parece indiferente às turbulências em curso.

Na semana passada a Assembléia Nacional Venezuelana aprovou as polêmicas 58 emendas constitucionais, a mais preocupante delas aquela que prorroga indefinidamente o mandato presidencial de Hugo Chávez, que declarou pretender ficar no poder até 2031. Jovem ainda, o tempo joga a seu favor e, ao final do período que pré-fixou, estará com 77 anos de idade e todos os atuais líderes mundiais e continentais já terão saído da cena política. É mais um daqueles exemplos que, periodicamente, atormentam a história mundial e que, valendo-se das fragilidades da democracia, busca a sua destruição, impondo-lhe um poder ditatorial sob uma roupagem de amplas liberdades e aprovação popular. Pouco a pouco, mas, talvez, já um tanto tarde, igreja, imprensa, oposicionistas políticos e milhões de cidadãos esboçam uma reação ante a manifesta disposição de calar as suas vozes.

Assim, a chamada 'República Bolivariana' se consolida e ameaça se espalhar pelo continente latino-americano, onde já encontra simpatizantes e parceiros submissos na Bolívia, Equador e até mesmo na orgulhosa Argentina, que, em busca de uns trocados, submete-se á política de Chávez.

Mas o perigo venezuelano não se limita ao expansionismo da sua ideologia demodê, que intenta em implantar no continente o 'socialismo do século XXI'. Encontra respaldo em uma sólida base militar que, de forma significativa e pragmática, vai se construindo e consolidando a fim de apoiar as suas pretensões expansionistas, com o objetivo definido de, a médio prazo, transformar a Venezuela no maior poder militar da América Latina, ameaçando, desde já, alguns países com intervenção armada, como foi a recente declaração com relação à Bolívia, país com quem celebrou um controverso acordo militar, possibilitando a construção de numerosas bases nas suas fronteiras, vale dizer, inclusive com a nossa.
Parece que o Brasil ainda não se apercebeu do que está ocorrendo ao norte, quando movido pela abundância dos petrodólares Chávez promove pesados investimentos em armamentos sofisticados, gerando uma corrida armamentista e uma nova realidade político-militar na América do Sul.

O fantástico pacote militar venezuelano pode chegar a US$ 60 bilhões até 2020, quando, no dizer de Chávez, a Venezuela será a mais poderosa potência militar latino-americana. Ao começar o seu programa militar o barril de petróleo era cotado a US$ 40,00, hoje, em torno dos US$90,00, com possibilidades de atingir os US$ 100,0 até o final do presente ano. Essa abundância de recursos financeiros, com perspectivas de assim prosseguir por um longo período, é um incentivo para a ampliação e o aprimoramento tecnológico do seu complexo militar, abrangendo de forma ampla e equilibrada as suas forças terrestres, navais e aéreas.
O plano de modernização em curso dará às forças armadas venezuelanas (ou forças armadas bolivarianas) um invejável poder dissuasório, já no ano de 2012, com investimentos estimados em US$ 30,7 bilhões, conforme abaixo se constata:
• elevação do contingente militar de 83.000 para 500.000 homens;
• criação da Milícia Nacional Bolivariana, hoje, com aproximadamente 1 milhão de milicianos , podendo chegar a 2 milhões. Enquadrada pelo Comando Geral das Reservas e Mobilização Nacional, sua estrutura é paralela e não subordinada às forças armadas e destina-se a defender o Partido Socialista Unido da Venezuela (seriam as SS venezuelanas?). Na prática, funciona como um contrapeso político às forças armadas;
• aquisição de um lote 3 submarinos russos que pode chegar a 10, classe Amur, de 1750 toneladas, propulsão diesel-elétrica, capazes de operar em qualquer tipo de mar (exceção dos glaciares), equipados com 4 mísseis leves de cruzeiro, 10 mísseis antiaéreos e 18 torpedos pesados de 533 milímetros;
• modernização e atualização tecnológica de 2 submarinos de fabricação alemã;
• aquisição e ou revitalização de 138 navios de diversos tipos;
• aquisição de um lote de 800 viaturas blindadas russas, BTR-90, 20 toneladas, sobre rodas, equipadas com canhões rápidos de 30 milímetros, velocidade de 110km/h. Essa compra pode alcançar 1000 veículos, com as 200 unidades suplementares destinadas ao transporte de tropa;
• aquisição de 100.000 fuzis automáticos russos Kalashinikov, AR-103;
• aquisição de 24 super-caças Sukhoi-30, com investimento de US$ 800 milhões, ponta de lança de um ambicioso programa que pode chegar até 150 supersônicos;
• aquisição de 53 helicópteros de ataque russos (modelos MI-17, MI-35 e MI-26);
• aquisição de 10 aviões de transporte CASA 295;
• aquisição de 2 aviões de patrulha marítima CASA 235;
• aquisição de 600.000 bombas, comuns e inteligentes, guiadas a laser ou por GPS, compradas da Europa;
• negociação de 10 radares de defesa aérea com a Suíça e de 3 estações de radar tridimensional YPR, com a China, como parte de um programa de US$ 150 milhões para a defesa aérea;
• mísseis antiaéreos e de longo alcance.

Será que todo esse aparato militar destina-se apenas a se opor a uma possível invasão norte-americana? Parece pouco provável.

A modernização e ampliação das forças armadas venezuelanas têm um importante subproduto político: o apoio incondicional dos seus integrantes à loucura bolivariana e o suporte para um longo período ditatorial.

Chávez, na sua luta messiânica de implantar na América Latina o socialismo do século XXI, não tem pejo de fazê-lo apenas no campo da doutrinação ideológica. Apóstolo de um credo retrógrado, que nem o grande Simon Bolívar foi capaz de concretizar, sonha unir os povos latino-americanos sob sua influência e poder, de forma pacífica ou cruenta, como recentemente ameaçou, unilateralmente, intervir militarmente na Bolívia para apoiar Evo Morales.

Seria o caso de se perguntar qual seria a atitude brasileira face à essa loucura política, junto às nossas fronteiras.? Iríamos tolerar, como disse o próprio Chávez, um novo Vietnã em área diplomática do nosso interesse imediato?

Arvorando-se portador de uma mensagem salvadora, messiânica, de redenção das populações miseráveis, metamorfoseia-se em polícia hemisférica apoiando os que lhe são fiéis e combatendo os que se lhe opõem. Começa a apresentar as garras de todo caudilho: a autoconfiança, a prepotência, a propriedade da verdade absoluta e a firme convicção de que os fins justificam os meios.
A Venezuela tem pendências históricas com a Colômbia e a Guiana e tornando-se uma potência militarista e expansionista pode ser tentada a resolvê-las pela força das armas.

A médio prazo está criado um clima de grande instabilidade e apreensão ao norte do continente sul-americano.

E o Brasil como se situa nesse desafiante contexto?

Diplomaticamente, temos demonstrado uma enorme inaptidão e fragilidade para exercer o poder que temos. Quase que caminhamos a reboque das idéias de Chávez. Todos os seus grandes projetos e iniciativas – Mercosul, gasoduto sul-americano, banco do sul – mesmo contrariando interesses brasileiros, vêm encontrando guarida e boa vontade na nossa diplomacia, o que só faz crescer a força pessoal e política do caudilho no hemisfério, em detrimento da tradicional influência brasileira.

Militarmente, é ainda mais crítica a nossa situação e, talvez, isso possa explicar a submissão da diplomacia, que não tem a respaldá-la uma força militar dotada de real capacidade dissuasória.

A ameaça da Venezuela não se restringe apenas à parte norte do país, Roraima em particular. O núcleo vital, Brasília incluída, estará ao alcance dos seus aviões supersônicos, que terão a certeza do sucesso dos seus ataques e incursões pela fragilidade da nossa defesa antiaérea e meios aéreos de interceptação.

Os modernos BTR-90, que mobiliarão as unidades de reconhecimento e mecanizadas venezuelanas, não encontrarão pela frente resistência de vulto e a possível incursão ao longo da espinha dorsal da BR-174 será um verdadeiro passeio.

No mar, o núcleo vital do País, suas plataformas de petróleo e o intenso e fundamental comércio marítimo brasileiro ficarão seriamente ameaçados pelos modernos submarinos Amur, que terão pela frente uma tímida resposta da nossa Marinha.

E por que chegamos a esse quadro catastrófico e, infelizmente, muito longe de hipotético?

Porque há um quarto de século as forças armadas brasileiras vêm sendo menosprezadas e contempladas com baixíssimas prioridades, se é que alguma existe, pelas ações governamentais indiferentes às possíveis ameaças e incapazes de estabelecerem e executarem uma política de defesa consentânea com os objetivos de segurança do Brasil. A falta de visão estratégica dos nossos dirigentes é abaixo da crítica.

É vergonhoso, desestimulante e quase desanimador o quadro catastrófico revelado nos recentes depoimentos, no Congresso Nacional, pelos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Em linguagem bem crua e real as nossas forças armadas estão muito aquém, não têm condições de cumprir as suas missões constitucionais de garantia da soberania e integridade territorial brasileiras.

Revanchismos, pequenez política, oportunismos, roubalheiras, politicagens, ausência de uma postura de estadista do comandante-em-chefe têm concorrido para as baixíssimas prioridades dadas às forças armadas, impedindo-as de realizarem investimentos que promovam a sua modernização e atualização tecnológica. O pouco que recebem é para a sua vida vegetativa. E se existe uma lição que todos temos que apreender é que forças armadas não se improvisam e relegá-las a plano secundário é correr o inaceitável risco da derrota. Como hoje se encontram, melhor seria chamá-las de forças desarmadas.

É forçoso que o brasileiro em geral e as elites dirigentes em particular tomem conhecimento do estado deplorável, vergonhoso e das enormes fragilidades em que se encontram as suas forças armadas e que, quando empregadas, o verdadeiro ônus do despreparo e do provável insucesso recaia no governo, na figura do comandante-em-chefe, na qual o Presidente da República está investido.
O quadro atual parece mais caótico do que aquele vivido nos primórdios da Guerra do Paraguai, quando tivemos que amargar a vergonhosa capitulação de Uruguaiana e promover a reorganização e o reequipamento da Marinha e do Exército quando o inimigo já pisava o solo pátrio.

Mestra nos seus ensinamentos, a história registra o mal que figuras totalitárias e caudilhescas, como a do Sr Hugo Chávez, fazem aos seus países e à humanidade.

Mais do que nunca, o Brasil não pode menosprezar o perigo venezuelano.”

Jorge R. Pereira
Presidente FDR

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